ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE ENFERMAGEM (ABEn)


             A ABEn foi fundada em 12 de agosto de 1926 sob a denominação de Associação Nacional de Enfermeiras Diplomadas; é uma sociedade civil com personalidade jurídica que congrega enfermeiros, obstetrizes, técnicos e auxiliares de enfermagem e estudantes do curso de graduação e de educação profissional de nível técnico que a ela se associam individual e livremente.
             Por um bom tempo a associação ficou inativa, até que em 1944 um grupo de enfermeiras resolveu reergue-la com o nome de Associação Brasileira de Enfermeiras Diplomadas, denominação modificada em 21 de agosto de 1964 para Associação Brasileira de Enfermagem. Seus estatutos foram aprovados em 18 de setembro de 1945. Foram criadas seções estaduais e coordenadorias de comissões. É uma entidade de âmbito nacional, de caráter não-governamental e de direito privado, reconhecida como de utilidade publica conforme Decreto Federal nº 31.417/52, publicado no Diário Oficial da União de 11 de setembro de 1952.
Conselho Federal de Enfermagem; Conselhos Regionais de Enfermagem


            Em 12 de julho de 1973, pela Lei nº 5.905 foram criados os conselhos federal e regionais de enfermagem, constituindo em seu conjunto autarquias federais vinculadas ao Ministério do Trabalho e à Previdência Social. O conselho Federal e os Conselhos Regionais são órgãos disciplinadores do exercício da profissão de enfermeiros, técnicos e auxiliares de enfermagem.

            Em cada estado existe um Conselho Regional, os quais estão subordinados ao Conselho Federal sediado no Rio de Janeiro e com escritório federal em Brasília.

            Os Conselhos Regionais são dirigidos pelos próprios inscritos, que formam chapas e concorrem às eleições. O mandado dos membros do Cofen/Corens é honorífico e tem duração de três anos, com direito de apenas uma reeleição. O plenário do Cofen é composto de profissionais eleitos pelos presidentes dos Corens. O objetivo primordial é zelar pela qualidade dos profissionais de enfermagem e pelo cumprimento da Lei do Exercício Profissional.


Principais Legislações:


·        Lei 5.905/73 que dispõe sobre a criação dos Conselhos Federal e regionais de Enfermagem;

·         Lei 7.498/86 que dispõe sobre a regulamentação do exercício da Enfermagem;

·         Decreto 94.406/87 que regulamenta a Lei 7.498/86;

·         Resolução COFEN- 240/2000 que aprova o Código de ética dos profissionais.
A ENFERMAGEM NO BRASIL


      No Brasil faltam dados seguros sobre os primórdios da enfermagem, logo após o descobrimento. Sabe-se que Anchieta teve ação fundamental na fundação de Santas Casas – casas de caridade muito comuns em Portugal, destinadas a tratar doentes mitos dos religiosos que vieram para a colônia trabalharam como enfermeiros com o auxilio de serviços escravos.
            À medida que chegavam também as religiosas à colônia, elas passavam a assumir o comando desses estabelecimentos. A primeira voluntaria não religiosa no Brasil foi Francisca de Sande, que viveu na Bahia no século XVII e dedicou-se ao atendimento de doentes e pobres. Até 1860 apesar de varias realizações no campo da medicina no Brasil, no campo da enfermagem poucas podem ser registradas, apesar de o sistema Nightingale já estar se difundindo nessa época em outros países. A concepção das funções da enfermagem em nosso país foi estabelecida inicialmente por médicos, e as primeiras tentativas de cursos específicos ainda eram muito rudimentares.
            No tempo do Brasil Império destaca-se a atuação de Anna Justina Ferreira Nery, que por autorização especial do presidente da província, atuou na guerra do Brasil contra o Paraguai, em 1865, atendendo aos feridos. Considerada a “mãe dos brasileiros”, tornou-se símbolo nacional da profissão da enfermagem.
            Os primeiros cursos de enfermagem no Brasil – destinados a formar voluntários para os serviços de enfermagem em função das epidemias freqüentes que assolavam o país – Com forte incentivo do médico sanitarista Oswaldo Cruz, foi fundada em 1923 a Escola de Enfermagem do Departamento Nacional de Saúde do Rio de Janeiro, posteriormente chamada de Escola de Enfermagem Anna Nery.
            Inicialmente os trabalhos dessa escola foram dirigidos por enfermeiros formados em outros países: somente em 1931 a escola teve sua primeira enfermeira diretora brasileira: Raquel Haddock Lobo, pioneira da enfermagem no Brasil.
            Aos poucos os cursos foram difundidos pelo Brasil com a criação de novas escolas, inclusive de cursos voltados para a formação de auxiliares e técnicos de enfermagem.

Como Tudo Começou!

A HISTÓRIA DA ENFERMAGEM


            Para que se compreenda a evolução da enfermagem como profissão é necessário retroceder no tempo e acompanhar seu desenvolvimento ao longo da história. A enfermagem originou-se do desejo de manter as pessoas saudáveis, propiciando mais conforto e cuidado aos que estivessem com a saúde comprometida.

            A história da enfermagem se confunde com a história de uma mulher chamada Florence Nightingale, no inicio do século XV, na época de reis, rainhas, castelos e guerras cresceu um movimento religioso denominado Reforma Religiosa o conhecimento da população a respeito da higiene era insuficiente e havia muitos órfãos, mendigos, refugiados e vadios. As religiosas cuidavam dos enfermos, mas após a reforma religiosa não tinham mais espaço para seu trabalho voluntário, sendo convidados a se retirar dos hospitais.

            Nessa época as mulheres tinham um espaço de trabalho precário e por sua vez lhes foram oferecidas vagas como enfermeiras em hospitais cujas condições não eram das mais favoráveis. A jornada de trabalho muito longa e o salário muito pequeno. As pessoas diferenciadas que adoeciam eram tratadas em casa, e apenas os menos favorecidos e abandonados eram tratados em hospitais. Esse cenário não agradava em nada as mulheres da época, por isso os moribundos hospitalizados ficavam a mercê de ex-presidiárias e prostitutas que eram verdadeiras mercenárias.

            A qualidade da assistência era péssima e a imagem da enfermagem e dos hospitais, pior, instalam-se então os “anos negros da enfermagem”. Os enfermos precisavam urgentemente de pessoas qualificadas para tratá-los com dignidade. Grupos de religiosos começaram a desenvolver trabalhos assistenciais com a população mais necessitada, e homens brilhantes começaram a dar contribuições vitais para o conhecimento médico.

            Em 12 de maio de 1820 nasce Florence Nightingale, mais tarde considerada a mãe da enfermagem moderna. Desde a infância, Florence manifestou desejo de cuidar de pessoas e de animais doentes; muito culta aos 17 anos já falava vários idiomas, entre eles o latim e o grego. Teve uma educação ampla, fato pouco comum para as mulheres do século XIX, mas mesmo com todos os seus predicados pensou em seguir a vida religiosa, só aos 24 anos começou a pensar em realizar seu sonho de desenvolver a pratica do “cuidar” em hospitais. Seus pais se opuseram à idéia e seu desejo foi reprimido, a final de contas, a atividade de enfermagem estava associada à classe trabalhadora, sem contar com as péssimas condições sanitárias e as precárias instalações dos hospitais da época.

            Em 1836, Theodor Fliedner, pastor protestante em Kaiserwerth, Alemanha, havia aberto um hospital em uma fábrica têxtil desocupada. Contava apenas com uma enfermeira, um cliente e uma cozinheira. O empreendimento não deu certo e o pastor resolveu transformar o hospital em uma escola de enfermagem, certo médico e sua filha se uniram ao pastor, contribuindo para o treinamento das camponesas do local com aulas de boas maneiras, higiene, comportamento, leitura, escrita e cálculos matemáticos. Objetivando transformá-las em enfermeiras. Enquanto isso, também na Alemanha era preparado o primeiro manual para as estudantes de enfermagem, elaborado por um médico.

            Em 1850, Florence visitou o instituto de Theodor Fliedner, com 14 dias e candidatou-se à admissão na escola. Foi admitida ao programa de enfermagem em 6 de julho de 1851 para o estagio de três meses. Com marcada personalidade Florence concentrou-se em seus objetivos e não nos obstáculos, e aos 31 anos conseguiu autorização para estudar lá. A instituição possuía cem leitos e outras obras assistenciais. Em 1854, por convite de seu amigo Sidney Herbert, até então secretário de guerra, Florence desembarcou em Scutari com seu próprio exercito feminino composto de 38 enfermeiras, todas nobres como ela, dispostas a assistir os feridos da guerra da Criméia. Florence permaneceu nessa localidade por 19 meses. Quando chegou a taxa de mortalidade por doenças era de 43% devido a total falta de recursos e conhecimento da população. As doenças identificadas eram cólera, disenteria e tifo. Os oficiais militares e médicos eram contra a idéia de Florence de reformar os hospitais de base.

            Florence, então, escreveu ao jornal The Times denunciando as más condições dos soldados da Armada Britânica nos hospitais da base. Seis meses mais tarde Florence e sua tropa feminina conseguiram reduzir o índice de mortalidade para 2,2% garça a muitas orientações dadas sobre a importância da higiene individual, coletiva e ambiental. Ela se preocupava com o bem estar geral do soldado inglês, quer doente, quer saudável, ou seja, em plena guerra, séculos atrás, tinha uma visão holística do ser humano.
            Mesmo com toda precariedade do local, planejou lavanderia, biblioteca, auxilio na redação de cartas, sistema bancário para que os soldados pudessem economizar, hospedaria para as famílias que acompanhavam os soldados e principalmente conforto aos moribundos. Foi então convidada a organizar os hospitais militares e nesse momento lançou as bases dos modernos serviços de enfermagem e infra-estrutura hospitalar.

            Visitava os doentes abandonados durante a noite, sempre carregando consigo uma lâmpada para iluminar o caminho. Devido a essa pratica, ficou conhecida como a dama da lâmpada, considerada hoje o símbolo da enfermagem.

             Em 1856 tronou-se heroína na Grã-Bretanha devido aos resultados positivos obtidos na área assistencial com soldados durante a guerra. Escreveu vários livros e, com ajuda de amigos abastados e a influência de John Delano, arrecadou 59 mil libras para melhorar a qualidade da enfermagem.

             Em 1860 fundou a Nightingale School & Home for Nurses no conceituado hospital Saint Thomas, na Inglaterra. Treinava a criadagem dos nobres ingleses para a assistência domiciliar.

             Aos 75 anos, já adoecida, ficou cega e perdeu a lucidez. Recebeu cuidados integrais de enfermagem e viveu por mais quinze anos, morrendo em Londres, em 13 de agosto de 1910, aos 90 anos.

             Florence defendia a idéia de era melhor ter enfermeiras bem treinadas que mulheres médicas. É considerada um marco na enfermagem devido a sua obstinação em concretizar seus objetivos, dando formato, magnitude e nobreza aos cuidados prestados aos doentes. Transformou o cuidado em uma bela arte e a enfermagem na mais bela das artes.